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Um Virtual Chamado Realidade

Existe uma comparação corriqueira principalmente para os que já passaram dos quarenta anos que é associar o desenvolvimento tecnológico a famosa série “Jornada nas Estrelas”.


Deixando de lado minha natureza nerd e o desejo de se falar desse universo no mínimo curioso das famosas produções de ficção científica que marcaram gerações, é importante destacar que essa série de fato pautou algumas descobertas.


Uma delas foi o celular e o marcante modelo Star Tac que teve como inspiração do nome no aparelho similar que o Capitão James T. Kirk da nave Enterprise usava. Outra recordação divertida é associar as vídeo chamadas em “Os Jatsons” com o que agora se tornou uma realidade.


Poderíamos ficar aqui nesse agradável saudosismo em lembrar as antigas séries televisivas e compará-las com nossos dias atuais. Porém, existe algo de “futurista” que uma boa parte da população não se deu conta que já existe e que vem tomando grandes proporções. Falo da Realidade Virtual.


Entretanto, não estou aqui me referindo àqueles óculos de papel com lentes azuis e vermelhas que usávamos nos anos oitenta para simular um pretensioso 3D. Tampouco os “cardboards” da Google com seus óculos gratuitos dentro do conceito de “make yourself” e usados junto a um celular como forma de acessar um tipo de realidade virtual.


Não! Falo de realidade virtual mesmo. Falo de óculos altamente tecnológicos e que realmente trazem uma realidade alternativa e extremamente imersiva. Uma realidade ao ponto de confundir nossos sentidos e explorarem sentimentos associados ao forte impacto sensorial que esta nova tecnologia proporciona.


Os testes com óculos em realidade virtual já seguem pesquisas próprias há várias décadas, porém, a fabricante Oculus, ousou virar a página desta história após conseguir um vultuoso aporte de “crowdfunding”.


O investimento valeu a pena e eles criaram o “Oculus Rift”. Foi um sucesso para os apreciadores das novas tendências, porém, não demorou muito para que a empresa fosse comprada pela gigante Facebook.


Com a força da empresa de Zuckerberg, o novo modelo batizado de “Oculus Quest” deu mais um salto nessa revolução silenciosa que está acontecendo. Basicamente, este novo headset (console) não necessita de nada além dele mesmo. Ou seja, não precisa de cabos, televisão... apenas coloque os óculos de realidade virtual e “voilá”: bem-vindo a um mundo dentro do mundo.


Talvez o leitor, interessando nas taxas cambiais e nas formas de gerir seu negócio possa estar se perguntando que interesse se pode ter nisso? E eu digo: Tudo!


Segundo a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), os headsets (aparelhos de realidade virtual) chegaram em 2017 a marca de 28 milhões de unidades vendidas tendo prognóstico para chegar a 75 milhões de unidades até 2021.


Cada vez mais a realidade virtual entrará na dinâmica de trabalho. Por exemplo, o “Oculus Quest Business” oferece desenvolvimento de projetos para a área de engenharia civil, aeronáutica, medicina, arquitetura e tantos outros setores para que a imaginação e a criatividade sejam as portas de entrada para infinitas possibilidades.


Cabe aqui alguns exemplos: como acompanhar uma gestação estando dentro de um útero. Isso poderá aprofundar sobremaneira o entendimento do quê e como estudamos algo. Analisar uma planta de uma construção antes de executá-la e caminhar pelos espaços virtuais projetados pelo arquiteto é um salto em economia e praticidade para dirimir gastos desnecessários ao ver de forma imersiva o que será construído.


A imersão já é realidade em empresas que disponibilizam salas virtuais para que os funcionários possam entrar nesses espaços e, usando os óculos de RV, estes se refugiam em ambientes de relaxamento e meditação. Muito melhor do que roer as unhas ou descascar todo o esmalte enquanto aquela reunião pesada se arrasta por uma boa parte do dia, não é mesmo? Esta ideia, em específico, gera ao mesmo tempo zonas de conforto para os funcionários em um custo infinitamente menor já que não exige o investimento alto em infraestrutura.


Poderíamos pensar que as imagens em 3D no computador já são suficientes para entender e se aprofundar no que desejamos, mas digo por experiência própria que a imersão na realidade virtual posiciona nosso cérebro de uma forma que muda nosso parâmetro de entendimento do que estamos experimentando. Afinal, entrar em uma casa é diferente de vê-la pela janela.


Sempre dizemos que o mundo está mudando rapidamente, porém, nada mais simboliza essas grandes alterações do que a realidade virtual estabelecida como algo já concreto e, se me perdoem o trocadilho, altamente palpável.


Além disso, não estamos falando de uma mera tecnologia baseada em um aparelho avançado que cairá no ostracismo em alguns anos. A realidade virtual é uma forma de comunicação que difere das outras maneiras de se estabelecer uma relação entre duas partes. Telefones, rádio, tv, cinema, celulares, internet e agora... realidade virtual.


E como diria Capitão Kirk na série Jornada nas Estrelas: “audaciosamente indo, onde nenhum homem jamais esteve” ganha um grande sentido no mundo virtual e suas infinitas possibilidades.



Escrito Por Adriano Gilberti

CEO da Startup Transcender Studios e escritor

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